segunda-feira, 27 de junho de 2011


Além disso, sou terrivelmente instável e entender as minhas reações é coisa que às vezes nem eu mesmo consigo.
Não posso mentir a você, não quero. Mas por favor não fantasie, menina, não seja demasiado adolescente. Como eu te escrevi várias vezes, é no nosso encontro, cara a cara, olho a olho, que as coisas vão se definir. Veja se você consegue separar o sonho da realidade. Anel, por exemplo, é um sonho. É um sonho que trago comigo há muito tempo e que comuniquei a você — e que não é hora ainda de ser realidade, porque não tenho absolutamente nada além da minha cuca — você me entende?
Menina, menina, tenho uma ternura enorme por você — e para mim é muito difícil isolar essa ternura da razão, quando te escrevo. Como fiz agora. Talvez tenha te parecido duro ou demasiado frio. Mas acho, honestamente, que você não deve se arriscar a ter uma tremenda decepção, depois de um ano inteiro de sonhos. Nós vamos nos ver, nós vamos conversar, sair juntos, provavelmente nos tocar — e de repente tudo pode realmente ser. Ou não. Mas de jeito nenhum quero, sei lá, ser irresponsável ou não medir as conseqüências dum negócio que pode ser muito sério.
Já não sou o mesmo, como você também não é. Endureci um pouco, desacreditei muito das coisas, sobretudo das pessoas e suas boas intenções.

Caio Fernando Abreu

sábado, 7 de maio de 2011

Meu deu uma saudade da época que eu era mais romântica, ingênua e acreditava muito no amor... Queria voltar a isso... Achei um textinho que com certeza mexeu comigo...

ENCONTRE UM AMOR QUE...
te beije na testa e desembarace os seus cabelos que ele mesmo embaraçou.
Encontre um amor que saiba diferenciar os momentos em que você quer que ele te puxe pelos cabelos, daqueles que você só deseja dormir nos braços dele e sentir-se protegida.
Encontre um amor que saiba enxugar suas lágrimas e agüentar sua TPM, mas que não deixe você extrapolar em suas neuroses e inseguranças usando isso como desculpa.
Encontre um amor que ria de suas bobagens e escute seus sonhos, mesmo que não tenha absolutamente nada a ver com os dele.
Encontre um amor que te admire como ser humano.
Encontre um amor que faça você sorrir quando tudo parecer insuportável e que quer te mostrar para todo mundo mesmo quando você está desarrumada, suada, gorda e que te ache a mulher mais linda e interessante do mundo mesmo quando você está sem nenhuma maquiagem.
Encontre um amor que segure sua mão na frente dos amigos dele.
Encontre um amor que faz um grande esforço pra te ver apenas 15 minutos e faça esse pouco tempo valer seu dia!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

AMOR E MORTE

'porque é assim mesmo, amor dói, é lindo e fodido e difícil e maravilhoso e extasiante e cansativo, exaustivo, agônico e longe de feliz para sempre. muitas vezes será feliz mesmo e seremos iluminados, luzidios, morrendo de tesão e candura, nadando em luxúria infinita, indivisíveis. uma hora o indivisível se divide para que um e um possam ser dois e um. chega uma hora em que tudo que você vai desejar é ficar só, quieto, no silêncio, sem ouvir nada além das vozes na sua cabeça. não é hora de ir embora; é hora de calar e olhar para dentro. sempre vou entender porque também preciso da solidão, preciso muito. ninguém vive o tempo todo em função do amor senão morre, morre sufocado, morre seco e sem criar, morre obcecado e afogado em frustração. Amor comigo, meu Amor, nunca vai ser plácido. os altos serão os mais altos que você jamais imaginou, os baixos eu vou controlar e nunca vou te afundar junto. não sou água parada, sempre fui turbilhão, um turbilhão incontrolável de coisas desordenadas e esmagadoras e lindas, destrutivas e fecundas, irresistíveis e desumanas, posso ser devotada e incompetente, doce e amarga, categórica e insuportável, carente e fútil, apática e radiante, cada dia um pouco de uma coisa nova e sempre incandescente. essa sou eu. minha alma e tudo que sair de mim será assim e sua vida nunca será entediante. às vezes você vai ter vontade de ir embora. às vezes eu também. não é fácil. o que não pode é se acovardar e fugir, isso não pode, não pode deixar o negrume vencer o que precisa ser argênteo, não adianta ir embora para descobrir quer voltar de novo e de novo porque um dia eu não vou mais estar aqui. não quero que volte por ser viciado em mim, quero que você fique porque quer. um dia minhas energias terão se esvaído e será o dia do fim. O Fim. se esse dia chegar – e não quero que chegue, não quero, não quero – vai ser mais uma das minhas mortes. mas ainda tenho algumas vidas para gastar. não vou acabar. não acabo. provavelmente farei de novo e de novo depois de lidar com o fracasso, depois de chorar muito e não acreditar em nada. me regenero e volto. eu não vou acabar. não enquanto acreditar em coragem, certeza e amor sólido. o resto não me derruba. se derrubar eu já aprendi a cair em pé e voltar a respirar.'
Clarah Averbuck

domingo, 3 de outubro de 2010

' Interrompi a fantasia no meio. Aquele não era o momento para eu arrumar uma história de amor e (conseqüência óbvia e inevitável) complicar ainda mais minha já tão enrolada vida. Aquele era o momento para eu procurar o tipo de cura e paz que só podem vir da solidão '

Trecho de Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Trato

"Vamos combinar, então, que da próxima vez eu abandono esse papel de santa. Nada de coração, sentimento ou paixão. Nada dessas palavras que a gente encontra em versos e poesias de cartão mal escrito. Fica combinado que, da próxima vez, você vai se divertir em outro lugar. vai torcer contra mim sentado em outra arquibancada. Rir de outra piada. Fica assim, então, combinado. Eu não choro mais de madrugada, não me chamo mais de tonta em frente ao espelho, não borro mais com a mão o meu batom vermelho. Não puxo os meus cabelos. Não brigo mais. Nada de gritos e palavrões. Nada de portas batidas rachando as paredes aos poucos. Nada de perseguições. Fica combinado que eu não acredito mais em bonecos de noivos em cima de bolo cheio de creme. Em fatia cortada de baixo pra cima. Em goles de bebida em copos cruzados. Combinado, então. Eu não me derreto mais com flores no meio do dia. Não acredito mais em frases quase dentro da orelha. Em lambidas no pescoço. Em telefonemas. Não me admiro mais com laço grande em caixa de presente. Fica combinado que não sou mais a boazinha, a paciente. A partir de hoje, pedra no lugar do coração. Fica combinado que não haverá mais sofrimento, dor, envolvimento. A partir de hoje, abandono de vez o papel de santa. Serei puta. A partir de hoje, nem beijo na boca."



Eduardo Baszczyn

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Além disso, sou terrivelmente instável e entender as minhas reações é coisa que às vezes nem eu mesmo consigo.
Não posso mentir a você, não quero. Mas por favor não fantasie, menina, não seja demasiado adolescente. Como eu te escrevi várias vezes, é no nosso encontro, cara a cara, olho a olho, que as coisas vão se definir. Veja se você consegue separar o sonho da realidade. Anel, por exemplo, é um sonho. É um sonho que trago comigo há muito tempo e que comuniquei a você — e que não é hora ainda de ser realidade, porque não tenho absolutamente nada além da minha cuca — você me entende?
Menina, menina, tenho uma ternura enorme por você — e para mim é muito difícil isolar essa ternura da razão, quando te escrevo. Como fiz agora. Talvez tenha te parecido duro ou demasiado frio. Mas acho, honestamente, que você não deve se arriscar a ter uma tremenda decepção, depois de um ano inteiro de sonhos. Nós vamos nos ver, nós vamos conversar, sair juntos, provavelmente nos tocar — e de repente tudo pode realmente ser. Ou não. Mas de jeito nenhum quero, sei lá, ser irresponsável ou não medir as conseqüências dum negócio que pode ser muito sério.
Já não sou o mesmo, como você também não é. Endureci um pouco, desacreditei muito das coisas, sobretudo das pessoas e suas boas intenções.

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Trecho de Divã

"…Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada.
Eu sei,não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Telvez este seja o ponto. Talvez eu Não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu patio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória,sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
Não era amor,era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. NÃO ERA AMOR, ERA MELHOR

[Martha Medeiros]